Edson Vidal

Ouvindo Atrás da Porta!

Claro que cela de verdade não tem porta, tem grade. Mas como o Luiz Ignácio está preso dentro de um quarto improvisado na repartição policial, tem porta e não grade. É por isso que é possível escutar o que se passa na “cela” do tal preso político, atrás da porta sem ser notado. Explicado?

Enfim a Galega teve o seu tão esperado encontro com o seu louco e perdido “ídolo”. Pena que estava presente o Wagner, a presença deste deve ter tirado o sabor de um encontro a dois. Eu soube do que aconteceu porque a Amália, uma barata cascuda e fofoqueira, ouviu toda a conversa e espalhou aos quatro ventos.

Quem me contou foi o Tatinha, um amigo peladeiro que ficou sabendo do acontecido quando jogava futebol na sede da Associação do Banco do Brasil. Conto em segredo o que me foi contado. Peço o máximo de discrição. Nos primeiros trinta minutos a Galega ficou soluçando, agarrada, desesperada e com os braços entrelaçados no pescoço do pinguço. Wagner tentou acalma-la, mas não conseguiu desenlaçar o casal.

Depois de muito custo ocorreu a separação de corpos, quando o Pequeno Timoneiro falou:
- Galega, calma tudo vai acabar bem...
- Você me dá sua palavra de honra?
- Claro, honra é o patrimônio moral que ainda me resta. Juro pela alma de São Jorge...
- Mas, você não é ateu? (Perguntou indignado o Wagner).
- Companheiro, não se meta onde não foi chamado, está bem?

E só assim a líder revolucionária sossegou; ela acreditou nas palavras de seu mentor. 
- E a revolução? (Perguntou Luiz Ignácio)
- Em andamento (respondeu a Amante).
- Aqui na minha cela não posso ouvir os tiros e nem o som das metralhadoras...
- Não, esta fase ainda não começou (explicou Wagner). Por enquanto estamos só perturbando o sossego dos moradores da Santa Cândida, com alvorada festiva, discursos no acampamento e tocando música de viola madrugada adentro.
- Só isso? Não decapitaram os coxinhas?
(Quis saber Luiz Ignácio) 
- Não ainda, as guilhotinas prometidas pelo Evo, ainda não ficaram prontas..
- E o exército ? Tomaram os quartéis? Derrubaram os aviões e afundaram os navios?
- Não deu tempo: o Corinthians tem jogado quase todo o dia, nossos “guerrilheiros” se recusam sair da frente da TV (esclareceu o Wagner).
- Companheiro só espera que meu time pelo menos esteja ganhando...
- Nenhuma das três últimas partidas (respondeu chorosa a destroçada mulher).
- Putz, Galega! O que adiantou então eu ficar preso todo esse tempo? 

Perda de tempo! Eu deveria ter me abrigado na embaixada do Haiti!

Cambada de incompetente! E a minha pinga, trouxeram?
- Não deixaram (respondeu cabisbaixa a “presidenta” do PT). 
- &$@?@&;$! O que vocês vieram fazer aqui? (Explodiu o Mandela brasileiro). Ver minha desgraça?
- Não diga assim, meu querido (Foi o Wagner que falou para consolar o prisioneiro). Viemos para mostrar ao mundo que nada e ninguém pode nos impedir de vir visita-lo!
- Ué, então vocês vieram na “marra”? Menos mal!
- Não, não foi bem assim. Ouve autorização judicial, mas vencemos a resistência porque insistimos!(concluiu a Gleisi).
- Putz! Mas que revolução é esta que vocês estão fazendo? 
- Culpa do Requião (ousou dizer o Wagner).
- Por quê?(Perguntou rispidamente o Molusco).
- Ele teima em querer fazer do acampamento uma “escolinha de governo” para que as reuniões sejam retransmitidas pela TV Educativa, para mostrar ao longo dos próximos doze anos, como fazer uma revolução para soltar um preso injustiçado! (Esclareceu a Amante).
- Cara desgraçado! Em doze anos já terei cumprido totalmente a minha pena...

Foi daí que o Wagner sussurrou baixinho para a Gleisi:
- Eu não disse pra você, que o Requião não era confiável ? Ele vive lendo aquela “Carta de Puebla” e só engana todo o mundo!
- Será? Custo a acreditar...
- Eu sei (concluiu o Wagner), não é só você que ele engana; os eleitores dele também... 

“Revolução hoje em dia não é fácil começar. Sempre tem feriado e jogo de futebol. Véspera de Copa do Mundo e de eleições não é recomendável. Depois tem carnaval. Não é melhor transferir de lugar. Que tal no Afeganistão? Lá parece ser um bom lugar”.
Edson Vidal Pinto

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