Edson Vidal

A Namorada.

Bons tempos dos bailinhos nas garagens, das festas de quinze anos que toda menina sonhava, dos bailes de debutantes onde os pais orgulhosos apresentavam a filha à sociedade, dos buquês  de rosas vermelhas que o admirador timidamente mandava entregar à sua eleita, a aproximação, o temor de ofender e não ser correspondido.

E das saídas dos Colégios? À espera, a ansiedade de enxergar dentre tantas alunas aquela em especial, o sorriso de alegria, o toque das mãos, o caminhar juntos por poucas quadras, a despedida olhando nos olhos, o beijo furtivo. E o medo do cenho fechado do rosto do pai da garota num encontro inesperado, a garganta seca e o sorriso sem graça.

Depois de algum tempo, o convite para namorar no portão, apenas algumas horas da semana, sem ter onde sentar e estar sujeito às intempéries do tempo. Palavras em forma de sonhos, a aproximação das mãos, os risos nervosos, a ternura em forma de gestos. Todo o tempo era sincronizado, nada de exageros, tudo sob os olhos atentos da mãe que vigiava sem ninguém saber de onde. Enfim, o convite para entrar na casa, conhecer e ser apresentado aos familiares da moça-amada, a irmã, avós, tios e primos.

Estes os mais irônicos e salientes, sempre prontos para constranger o oprimido pretendente. O primeiro almoço, o primeiro passeio de carro, a primeira festa na casa de um parente da namorada, a timidez do casal, as brincadeiras dos mais velhos e a certeza da escolha certa.

A expectativa do noivado, das apresentações das famílias, a sensação dos noivos de serem algodões entre os cristais, a entrega das alianças, os beijos mais explícitos, o discurso, os conselhos, a ternura dos avós, a felicidade em forma de vida. A seriedade do compromisso e a busca ainda maior para um trabalho sustentável e válido para a vida a dois. 

O noivado torna os sonhos mais plausíveis, surgem os projetos e as metas, as conversas sobre a futura prole, os devaneios e as preocupações. Tudo, porém é certeza no amanhã, uma ilha, uma choupana, o amor crescente, sem tropeços e nem assombros. É a vontade de nunca acordar desses momentos tão sonhados.

Daí, num piscar de olhos, as longas esperas no Altar da mulher sonhada, do amor em forma de vida, daquela que será a eterna confidente e aliada para transpor os obstáculos do futuro caminham a dois. E nos dias seguintes, a namorada que se tornou esposa, será sempre aquela colegial que correspondeu o primeiro olhar, dividiu os sonhos, ajudou e torceu para que o casamento desse certo. 

Hoje, quantos anos de casados? Quarenta e sete? Meu Deus parece que foi ontem, o tempo passou rápido de mais que nem deu para sentir, a realidade só aparece quando vemos nos nossos filhos os cabelos brancos, que eles teimam em esconder. Também nos abraços de nossos netos, noras e sentimos com saudades as ausências de muitas pessoas que nos foram tão caras.

Estamos envelhecendo juntos, felizes graças a Deus pela família que constituímos, por tudo que pudemos realizar juntos, sempre sonhando os mesmos sonhos, pulando obstáculos e acreditando no mesmo amanhã do dia em que nos conhecemos. Você sempre será a minha namorada, minha eleita, minha companheira, minha melhor amiga e a causa principal de minhas realizações. O amor existe para todos, basta ter a sorte  e nunca desistir de encontrar...

“A esposa é a namorada que se tornou realidade. Não importa a marcha do tempo, as cicatrizes, as rugas, o corpo menos estético, os cabelos brancos; se o sorriso, os olhos e as palavras refletirem as mesmas expressões de amor!”
Edson Vidal Pinto

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.