Edson Vidal

Estrago Aparentemente Irreversível!

O pior que pode acontecer para um político é escândalo nas vésperas de eleição. Nada se iguala porque tem a força de um tsunami que arrasa o histórico da vida pessoal e familiar de qualquer candidato a cargo eletivo.

E com certeza por estar bem no centro do imbróglio o candidato Beto Richa deve estar amargando um dos piores momentos de sua vida pública. Não entro no mérito da prisão temporária, sua validade, senso de oportunidade e fundamentos  de direito que a alicerçam. Não li, não conheço as provas e nem tenho possibilidades de avaliar a gravidade da acusação.

Opinar a respeito do mérito de um ato judicial seria uma leviandade e demonstração de açodamento. Por coincidência na crônica de ontem teci críticas à luz de administração do ex-governador; o arrocho fiscal ditado com respingos de fel para o comércio e contribuintes para equilibrar as finanças do estado; o abandono dos salários do funcionalismo público e a guarida dada para pessoas de baixo quilate moral na sua equipe de governo.

Aludi que o mesmo também está às voltas com a Justiça, pois citado em vários episódios que dependem dos devidos esclarecimentos no foro próprio. Porém, de um dia para o outro, estourou a bomba com as prisões do ex-governador, a esposa, irmão, assessores e empresários.

Surpresa geral e repercussão política nacional. Não sei se as prisões se sustentarão se estão juridicamente lastreadas e nem ouso adivinhar a sorte que terá um habeas corpus nas mãos de qualquer desembargador do Tribunal de Justiça. Uma charada a ser desvendada e aguardada. Porém uma coisa parece certa: o Beto Richa se deixou envolver por amigos de duvidosa confiança, prestigiou e deu as mãos, assumindo o risco de colher dissabores.

Claro que para a montagem de uma equipe de governo a tarefa não é nada fácil, para não dizer indigesta. Na atual crise moral que o país atravessa é um acaso indicar para um cargo um colaborador que corresponda com dedicação, trabalho, seriedade no trato da coisa pública e lealdade.

Claro que não estou tentando justificar e nem excluir a responsabilidade do ex-governador, mas registrar a angustiante dificuldade de qualquer homem público, ocupando a chefia de um Poder, se assessorar de bons e confiáveis nomes.

Outra coisa irreversível: a porta foi arrombada e o escândalo foi colocado a nu. Será difícil para um candidato à Senador da República sair incólume dos estilhaços, pois culpado ou inocente, nesta hora os reflexos da decisão judicial já produziu estragos bombásticos. Isto, politicamente falando.

Nos dias que faltam para o pleito com certeza não haverá tempo suficiente para ele, quando estiver solto, explicar para os eleitores que não deve nada e que as acusações são inverídicas. A disputa de uma das vagas para o cargo de Senador, ao que parece, será acirrada. Culpa de um escândalo que abalou o coreto eleitoral...

“Homem público deve escolher muito bem os assessores e companhias para evitar surpresas amargas. Equipe de governo, embora heterogênea, não pode nunca perder o vínculo de  respeitabilidade ao Chefe do Poder, o senso de unidade e o cumprimento das Leis. Acolher  maçãs podres contamina e é difícil explicar!” 
Edson Vidal Pinto

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