Edson Vidal

A Visita do Presidente.

Poucos anos depois do término da II Guerra Mundial, início da década de 1.950, lembro vagamente que Curitiba era uma cidade tida como provinciana, pacata, com mais ou menos trezentos e cinquenta mil habitantes, e que as pessoas se conheciam nem que fosse de vista.

Na sociedade era fácil distinguir os membros de famílias tradicionais dos demais moradores, pelas casas, fino trato e roupas elegantes; bem como, daqueles oriundos de núcleos de imigrantes que  residiam uns próximos dos outros em  um mesmo bairro.

A chegada de qualquer autoridade federal na cidade era um acontecimento cívico e mais imponente ainda, quando o visitante era o Presidente da República. Não faltavam bandeirinhas coloridas enfeitando as ruas por onde passaria a comitiva e nem bandeirinhas do Brasil, impressas em papel e coladas em pequenas varetas de madeira para serem acenadas pelo povo.

Lembro quando o Presidente Getúlio Vargas veio inaugurar a “Exposição do Café”, onde hoje está localizado o Colégio Militar, no bairro do Tarumã. Um acontecimento memorável. Eu deveria ter sete anos de idade, lembro porque meu saudoso pai levou a família para ver a chegada do ilustre visitante.

Ele pelo que eu sei, não era filiado ao PTB, mas era Getulista. O Presidente chegou de avião no aeroporto Afonso Pena e para se dirigir ao centro de Curitiba de carro, veio pelo bairro Uberaba e depois percorreu um trecho da BR2, para em seguida entrar na Rua XV de Novembro, sentido Tarumã/centro. Lembro que meu pai tinha um veículo da marca Opel, modelo “Capitan”, que ficou estacionado no Alto da XV, e a família ficaram junto com as demais pessoas, em um morro gramado, bem ao lado da rua onde passaria a comitiva presidencial.

Nas proximidades onde hoje está a Caixa d’água da Sanepar. Tinha muita gente e as bandeirinhas do Brasil eram sacudidas e levantadas aos milhares. A expectativa da chegada do cortejo crescia na medida em que passava um ou outro veículo oficia. De repente as vozes foram aumentando, as bandeirinhas tremularam freneticamente e pude ver ao longe que se aproximava uma fila de carros, com motociclistas da Polícia Civil na frente do carro do Presidente.

E na saliência lateral do estribo externo do veículo, do lado da porta em que sentava o Getúlio, estava pendurado o Gregório, de terno branco,  o segurança do Presidente e apelidado de “Anjo Negro”. E na medida em que o carro se aproximava a multidão em gritos não cansava de dar boas-vindas ao ilustre visitante.

E tudo não passou de um vapt-vupt. Ninguém viu o Getulio porque o carro não diminuiu a velocidade. Porém o povo vibrava por ter prestado a devida homenagem ao Presidente do Brasil. Eu jamais me esqueci daquele episódio e também levantei minha bandeirinha de papel. Foi uma típica demonstração de civismo e amor à Pátria. Tempo de respeito às autoridades públicas, tratamento que não existe mais. A vulgaridade e a falta de se dar o respeito por parte daqueles que deveriam exercer a autoridade, se esboroou com o passar dos anos e pela ausência de patriotismo no seio das famílias e da sociedade.

Os políticos e homens públicos são vilãos e caricatos, dão os piores exemplos, mentem, abusam do Poder e são fantoches dos maus intencionados. Uma Nação para ser grande,  seu povo tem que respeitar as autoridades constituídas e os Símbolos da Pátria; infelizmente gesto de nobreza e civilidade que não se vê mais em nosso país.

As bandeiras da cor vermelha estão na moda; sendo empunhadas e desfraldadas como símbolo de liberdade e igualdade social. Estultice dos rotulados intelectuais, artistas e professores que ao invés de semearem patriotismo, são verdadeiros Cavaleiros  do Apocalipse.

Ou o eleitor acorda de seu sono letárgico e elege um Presidente que restaure os valores morais e os símbolos da Pátria, ou a folia prevalecerá comandando a farra da corrupção...    

“No grupo escolar os alunos entravam na sala de aulas, em fila, depois de cantarem no pátio, o Hino Nacional. Era assim o aprendizado de civismo e cidadania. A reverência a Bandeira Nacional era gesto de respeito à Pátria. Hoje, a cor da bandeira é vermelha, e a ordem é sufocar a democracia para alcançar a igualdade social. Reflexos de uma ideologia infame!”
Edson Vidal Pinto

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