Edson Vidal

Nome de Rua.

Às vezes fico me perguntando como os nossos vereadores são criativos para escolher nomes de ruas, escolas e prédios públicos. Dentre estes últimos o mais recente foi o nome dado ao antigo esqueleto que seria o fórum de Curitiba, que depois de pronto foi denominado “Palácio das Araucárias” que hoje abrigam algumas secretarias de estado.

Em recente viagem à Europa onde passou o Natal e a virada do ano, meu sobrinho, afilhado e competente advogado Marcelo Ribeiro com a esposa e filha, percorreram vários países e na passagem por Roma  disse que andou na  “Rua Cesare Battisti e  riu, pois desde logo pensou que por falta de opção os vereadores italianos resolveram homenagear o terrorista que estava homiziado no Brasil, sob as bênçãos protetoras dos  petistas.

Com a mudança de governo e com a posse do Presidente Bolsonaro foi autorizada a extradição do assassino, que desapareceu e só no último sábado foi localizado e preso  pela Interpol, em Santa Cruz de Lá Sierra. Tenho para mim que os italianos agora vão mudar o nome daquela rua romana pelo de outro foragido da polícia, forma sútil de lembrar a identidade de mais um criminoso que ainda está à solta pelo mundo. No Velho Oeste a tática era outra: eles penduravam cartazes que dizia “Procura-se Vivo ou Morto”. Brincadeira a parte.

Mas vamos e venhamos aqui em Curitiba basta morrer para virar  nome de rua, não importa a história de vida do homenageado, é necessário apenas ter um vereador cupincha para este propor um “projeto de lei” para dar importância ao falecido que nunca teve nenhuma. Eu mesmo tenho um primo que até hoje não se conforma  como a sogra dele, que era uma cobra venenosa em sua vida, que nunca fez nada de útil  para ninguém e muito menos para a cidade, mas que bastou morrer para se tornar nome de rua.

E o pior: o vereador que não ia com sua cara deu o nome da tenebrosa justamente na rua onde meu parente mora. Ele agora diz para todo o mundo que é impossível esquecer da “velha”, pois sempre que tem de declinar seu endereço ele tem que falar (com raiva) o nome da infeliz mulher. Cruz credo. E igual a ela milhares e milhares de ruas são batizadas com nomes de pessoas que são verdadeiras personagens do acaso. E outras nem tanto: nós temos muitos “Césari Battisti” homenageados em nossas ruas. Tem um que é até nome de uma avenida tradicional da Cidade, mas que pouca gente conhece a sua verdadeira história de vida. E é o nome de uma pessoa que foi governador do Paraná.

Ah! Abro aqui um parênteses antes de contar esta história,  para insistir que muito mais pratico seria numerar os nomes das vias públicas, pois além de ser mais fácil de gravar  se presta muito bem para  situar as pessoas dentro da cidade. Quem já foi a Nova York sabe muito bem do que estou falando. Lá ninguém se perde e nem precisa perguntar onde fica o hotel onde está hospedado, por mais longe que se distancie dele.

Mas voltando à nossa Curitiba. Quem não conhece  a Avenida Vicente Machado, não é mesmo? Pois é, o sujeito foi um cara nada bem quisto na sua época, pois embora tivesse sido governador era irascível e vingativo. Conta à história que no seu governo foi autorizada a restauração da antiga Catedral Metropolitana de Curitiba, cujo projeto foi entregue a um alemão, que como exímio mestre construtor ficou encarregado da obra.

Meses após iniciado  os trabalhos o governador fez uma visita no local e passou a dar palpites e mandar que os operários fizessem algumas modificações, sendo então admoestado pelo alemão:
- Senhor, não admito sua interferência...
- Como não? Eu sou o governador e a obra está sendo paga pelo tesouro Estadual...
- Sim, não discuto isso. Porém o senhor não tem o direito de interferir no meu trabalho; assim como eu que como mestre de obra, não tenho o direito de me intrometer no seu de governador!

Vicente Machado ficou com ódio e deixou o local batendo as polainas. 

Terminada a obra de restauração o templo foi aberto com as pompas de estilo. E o tempo  continuou sua marcha inexorável. Porém Vicente Machado não esqueceu aquele episódio ocorrido na Catedral. Certa feita em cumprimento a sua agenda oficial Machado foi à cidade de Cerro Azul. E lá ficou sabendo por intermédio de um seu partidário que o alemão, mestre de obras, estava residindo na cidade.

E sem titubear o governador ordenou:
- Corte a cabeça desse desgraçado e leve a mesma no Palácio!

E assim foi feito. Pois é, e o Vicente Machado depois de morto foi homenageado para dar seu nome a uma avenida de nossa cidade. Sendo certo que ele também participou de outros episódios infames. Vergonha, não é mesmo? E agora: qual o vereador que teria a ousadia de retirar o nome de Vicente Machado  dessa avenida? Se tiver algum, só, por favor, não queira que referida visse pública seja batizada de “Maria Louca” e muito menos de “Avenida Clube Athletico Paranaense”, pois embora o nome deste último seja “phopho” a cidade não merece  e nem suporta tão “simples” honraria. Só se fosse para mudar o nome do Estado...

“já teve a curiosidade de saber a biografia  da pessoa que tem o nome da rua de sua residência? E qual foi a contribuição que prestou para a comunidade? Não? Tem muito urubu no meio de gente boa!”
Edson Vidal Pinto

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