Edson Vidal

Aves Urbanas.

Em Curitiba resido na frente do Parque da Copel, no Barigui do Champagnat, portanto vejo quantidade de aves das mais variadas espécies. As saracuras andam em bando ciscando o gramado bem cuidado daquela empresa e bem cedinho, com seus grunhidos que batem nos tímpanos, elas atrevidamente em coro chamam a  chuva. E nunca erram seus prognósticos sonoros.

E aqui em Guaratuba, há cinco quadras da praia central, quando estou sentado na varanda da casa, sempre estou observando as aves dançando freneticamente de árvore em árvore, nos fios de luz, nas calçadas e jardins. Nos beirais da casa estão pendurados vasilhames de plástico com líquido especial para a alegria dos beija-flores.

Enquanto que no campo, na chácara de um amigo meu em Piraquara, os pássaros rareiam. Porque são caçados. É o típico êxodo das aves para fugirem dos predadores; já os seres humanos buscam as cidades e suas periferias em busca de trabalho.

Entre as aves e os humanos existe a similaridade de quererem preservar a própria existência. E encontram abrigo nas cidades.  E o tráfego de superfície fica congestionado, multidões disputam espaços no meio de veículos automotores e as aves se encaixam sem dificuldades neste cenário. E tudo contribui para inflar o habitat humano.

É difícil que possam existir espaços vazios que não seja no campo, onde os pés dos homens já nem deixam rastro. Escrevi e pensei um pouco onde pretendo chegar; quem sabe para criticar as concentrações de pessoas nos centros urbanos, ou para levantar uma bandeira em favor dos animais.

No entanto vou sair pela tangente, pois quero destacar quão difícil é a tarefa de governar com tanta diversidade. No emaranhado de interesses um governador consciente tem que priorizar a área sensível da segurança pública, para permitir a harmonia social. Onde tem muita gente é imperativo ter ordem e respeito às leis. A saúde pública é outra tarefa básica, sem o qual o custo para o estado será desastroso.

E investir maciçamente na educação é a fonte para consolidar e manter de pé uma nação. E daí em diante desfila as demais prioridades: emprego, agricultura, pecuária indústria e comércio. A busca pela tecnologia para ser injetada nas áreas de produção deve ser perene para melhorar a qualidade de vida das pessoas. E ninguém que governa consegue atingir minimamente essas metas.

A falta de dinheiro é sempre o xis da questão. No governo federal basta tapar os rombos criminosos dos gastos para equilibrar o erário. Mas nos estados a solução é mais difícil. E o Ratinho? Será que ele já sabe qual a real saúde financeira do Paraná?  Existe uma sombra escura sobre a sua administração que está engatinhando. E como está rodeado de velhos e ávidos políticos parece difícil driblar a crise orçamentária, pois é imperativo diminuir os gastos publicas.

E político nenhum gosta de perder receita. Já escrevi que enquanto o Presidente Bolsonaro escolheu técnicos para ocupar os Ministérios, por aqui o Governador adotou o estilo “Temer” para construir  sua governabilidade. Tanto que já ocorreu pacto público acerca do futuro candidato à Prefeito de Curitiba. Tema inoportuno para um governo que inicia. Tomara que o Ratinho não tenha dado um tiro no pé. O tempo dirá.

Enquanto isso é melhor ser beija-flor e não ter dificuldades onde beber agua, ou um outro pássaro qualquer , que vive em liberdade no meio de gente e nem se importa com o lugar onde ciscar ...

“Administrador Público que não tiver asas livres para voar, pode levar um pelotaço se não souber ciscar em lugar seguro. Velhas raposas ao contrário: sabem bem onde não colocar a pata em arapuca e também a hora certa para pular de um barco furado. Governar é exercício de bom senso!””

Atenção: As opiniões dos nossos colunistas, não expressam necessáriamente as opiniões da Revista Ações Legais.