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O advogado vai ter
que mudar!
Bebel Ritzmann
Por Ana Paula Torres
F
oi-se o tempo em que o típico escritório
de advocacia compunha-se de dois ou
três sócios, estagiário e secretária. No
ramo conhecido como advocacia “de massa”,
essa estrutura é coisa do passado. Hoje os es-
critórios que possuem contratos com gran-
des clientes (milhares de processos) são, em
sua maioria, verdadeiras empresas de médio e
grande porte, com todas as suas implicações.
Efeito disso é que não basta, ao advogado, sa-
ber Direito, não basta, nemmesmo, ser um gê-
nio do Direito.
São milhares de processos que versam sobre
a mesma matéria; basta o conhecimento jurí-
dico fundamental sobre o tema para o acom-
panhamento esperado. O conteúdo das teses,
as decisões quanto à interposição dos recur-
sos, até mesmo a pesquisa jurisprudencial,
por exemplo, que eram de responsabilidade
do advogado, hoje são desempenhadas pelos
departamentos jurídicos internos dos próprios
clientes, que monitoram os processos e os es-
critórios contratados determinando, inclusive,
procedimentos e rotinas a serem adotados.
O advogado, agora, precisa saber sobre ges-
tão.
É chegado o tempo em que se deve mapear e
executar procedimentos administrativos, gerir
sistemas, empregar tecnologia, cuidar das f-
nanças e gerir pessoas. Sim, gestão de pessoas passou a ser essencial. E não se entenda
por gestão de pessoas o tradicional RH, que exerce as importantes, mas não sufcientes,
tarefas de executar contratações e demissões, manter os contratos e relações trabalhis-
tas em consonância com as normas trabalhistas, relacionar-se com sindicatos e entidades
de defesa de diretos de estagiários. Faz-se necessária a gestão de pessoas que envolve
processo seletivo, treinamento, desenvolvimento de talentos, integração e engajamen-
to de colaboradores, ações de clima, manutenção da cultura organizacional, gestão de
rotatividade, avaliação de desempenho, feedback, comunicação interna, dentre outros
termos que até então não faziam parte do vocabulário dos advogados.
Uma revolução está em andamento, seguem três dos muitos sintomas disso e suas impli-
cações:
• o escritório passa a ser um ambiente plural, estão cada vez mais presentes nos cargos
de gestão profssionais de tecnologia, de gestão da informação, de gestão da qualida-
de, de fnanças, de gestão de pessoas, de gestão de processos e até mesmo profssio-
nais de engenharia! O advogado tem que ser fexível, comunicativo e ambivalente;
• as tarefas rotineiras passam a ser repetitivas e fragmentadas para possibilitar a alta
produtividade. Acabou-se o romantismo no exercício desta profssão. O advogado tem
que promover o engajamento dos colaboradores, apesar disso;
• o processo eletrônico é uma realidade que se impõe fortemente. O advogado tem que
se afnar com a área tecnológica.
O mercado mudou, o ambiente da advocacia está em plena mudança, o trabalho dentro
do escritório mudou, o advogado vai ter que mudar!
Ana Paula Torres, advogada, coordenadora
de gestão de pessoas e sócia do escritório
Neves, Macieywski, Garcia e Advogados
Associados