Vitimização
De acordo com Gilberto Dane-
luz, o livro se mostra importan-
te para a área jurídica, pois “pri-
meiro chamamos a atenção de
todos que estão diretamente
ligados à manutenção da fun-
cionalidade do mecanismo de
controle constitucional. E, em
segundo lugar, apontamos a
responsabilidade dos vitimi-
zadores, sem excluir a nossa
cumplicidade, vitimizados, em
eternizar a característica de
virtual do mandamento consti-
tucional”.
Sobre o assunto que abordou
no livro, Daneluz afrma que
“deixandoos surradosbordões,
que atacam o sistema capita-
lista no qual estamos incontes-
tavelmente inseridos, lembra-
mos o fato de que, a enaltecida
Constituição Cidadã, que já completou 24 anos, na prática ainda não se
cristalizou. Até a presente data, todos os partidos que se alternaram e se
alternam no poder, mantém o trabalhador brasileiro excluído do manda-
mento constitucional de ter, no salário mínimo, todas as prerrogativas, ga-
rantias e condições ali previstas”.
Avalia ainda que “com discurso emético, mantém o mínimo como salário
máximo a ser pago, afrmando que a Previdência irá quebrar pelas altas e
numerosas aposentadorias que pagam a quem contribui por 30 ou 35 anos,
concomitantemente, as egocêntricas propagandas governamentais de-
claram que nossa ascendente
escalada, na classifcação de po-
tência industrial, é invejável e,
orgulhosamente, já estamos po-
sicionados entre os dez primeiros
do mundo”.
Para ele, geralmente, os que co-
mandam a nação, acobertados
por todos que deveriam zelar
pela proteção da Constituição
Federal de 1988, alegam que
o brasileiro não ganha apenas
um salário mínimo, que a mé-
dia nacional gira em torno de 3
a 4 salários. “Distorcem a Cons-
tituição Federal/88 uma vez que
Ela não estabelece um núme-
ro de salários mínimos, esta-
belece e determina que um, e
apenas um salário mínimo, seja
o suficiente para que uma fa-
mília possa satisfazer suas ne-
cessidades básicas e essenciais,
além de outros “penduricalhos” que nas campanhas eleitorais os políticos
transformam em “bandeirinhas” que fazem fundo às grandes bandeiras
tais como moradia, saúde, educação, lazer, e na moda, a segurança”, ob-
serva.
Finaliza, salientando que “não se trata de atacar o governo, mas de não
permitir que passe em branco o fato de que, diante de tantos recordes
de arrecadamentos, tanta abundância, tantos avanços e tanto progresso
não é mais aceitável que a dignidade do trabalhador brasileiro, que nos-
sa força de trabalho e nossas condições sociais, não estejam, na prática,
também entre as dez melhores do mundo”.
Rosei de Oliveira Dequech
Gilberto Daneluz