Revista Ações Legais - page 42-43

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ARTIGO
Investigação eletrônica: principal
fonte de provas de fraude e
corrupção nas empresas
Por Antônio Gesteira
Antônio Gesteira é diretor da KPMG
responsável da área de computação
forense
U
ma estimativa da Association of Certified
Fraud Examiners revela um dado alarmante
para as empresas: 5% da receita anual de uma
companhia são desviados por fraude. O Brasil tam-
bém tem sido alvo desse tipo de crime. Segundo a
empresaTrendMicro, somos o 2º país do mundo com
maior incidência de furto de informação bancária
pela internet. Em 2011, aconteceu por aqui o maior
ataque de invasão de computadores, que durou cin-
co dias, atacou portais do Governo e vazou dados da
Presidência da República.
Nesse contexto, o que notamos é que, na última dé-
cada, o aumento da ocorrência de crime digital no
Brasil tem sido a nova realidade para agências de in-
vestigação. Vale lembrar  casos recentes de corrup-
ção como a Operação Lava Jato, da Polícia Federal,
que apreendeu centenas de computadores, analisou
e investigou milhões de documentos eletrônicos. A
partir disso, foi possível a descoberta de inúmeras
outras fraudes, além das relacionadas ao escopo ori-
ginal do projeto, a realização de uma investigação fi-
nanceira para apuração de reflexos na contabilidade
da empresa e apuração e indiciamento de todos os
envolvidos dentro da organização.
Esses dados confirmama importânciado trabalhoem
conjunto com a utilização de técnicas tradicionais de
investigação e os métodos eletrônicos como cyber
forensic ee-discovery. Hoje, em paralelo aos gram-
pos telefônicos e as provas testemunhais (delações premiadas), a investigação digital é a
principal fonte de prova. Ela entra como complemento importante ao uso de fontes tradi-
cionais como relatórios das áreas de gestão empresarial, integridade corporativa e com-
pliance, documentos oficiais da organização, relatórios contábeis e de auditoria externa,
contratos, pagamentos, e transações financeiras, entre outros.
Com o auxílio da tecnologia, a computação forense e preservação de provas eletrônicas
são tendências dos meios de produção de provas na sociedade atual uma vez que a maior
parte das informações corporativas sensíveis está em formato eletrônico disponível em
dispositivos como servidores locais, computadores e telefones corporativos, computa-
ção em nuvem, messenger e comunicadores institucionais.
Somente com a associação desses dois métodos será possível alcançar resultados consi-
deráveis como a recuperação e análise de arquivos eletrônicos para fins de apresentação
em juízo; a garantia de que as informações eletrônicas das corporações possam ser uti-
lizadas a favor das organizações; levantamento detalhado das redes de relacionamento
envolvidas nas fraudes; a descoberta de novos problemas, antes ignorados, identificados
indiretamente, a partir do foco principal; e o desenvolvimento por especialistas em cyber
forensic de engenharia reversa e identificação de falha em criptografia para emissão de
documentos públicos.
Independente da origem do crime, real ou virtual, as companhias precisam estar com-
prometidas de forma proativa a endereçar corretamente casos de suborno e corrupção.
Temos parâmetro legal claro no Brasil, apontando a necessidade de investigação como
parte necessária do novo ambiente de negócios, indicando que ter uma estrutura de com-
pliance pode ser um diferencial competitivo relevante para as companhias do mundo.
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