Revista Ações Legais - page 22-23

22
23
de todos os que trabalham com relações pessoais, o aprofundamento do conhecimento
que diz respeito à humanidade. Costumo dizer que quem não gosta de gente, não pode
ser juiz. Enxergar a dor do outro, ouvir o que o outro tem a dizer, conseguir se colocar no
lugar do outro e não julgar moralmente são atributos essenciais para um juiz, especial-
mente para um juiz de família.
Ações Legais – Qual o foco da palestra que a sra. proferiu no UniBrasil?
Andréa Pachá -
No UniBrasil tive a alegria de refletir com uma plateia interessada e curio-
sa, sobre as mudanças nas famílias e na sociedade nos últimos 20 anos. As profundas
rupturas na política e na vida pública tiveram reflexo na vida privada e nos relacionamen-
tos familiares. Fiz um passeio sobre as mudanças e tentei explicar como a pauta outrora
privada chegou às ruas. Novas famílias, novos casamentos, filiação sócio-afetiva, enfim, o
Direito se ocupando do afeto como elemento fundamental das relações familiares. Lem-
brei que existem poucos lugares em que as pessoas se mostram na inteireza possível.
Confessionários, divãs de analistas, ombros de amigos, alguns outros certamente. Talvez
em poucos se veja o ser humano de forma tão aberta quanto em um fórum de vara de
família; nele se apresentam as paixões, o sofrimento, a cobiça, a maldade, o amor, o ódio,
a esperança, e as pessoas se desnudam na tentativa de separar, de reatar, de reconstruir
suas vidas. O melhor e o pior do ser humano ali se apresentam.
A Juíza
Andréa Pachá foi conselheira do Conselho Nacional de Justiça, responsável pela criação
do Cadastro Nacional de Adoção e pela implantação das Varas de Violência Doméstica no
Brasil. É ouvidora do Poder Judiciário do Rio de Janeiro, criou a Comissão de Conciliação
e Acesso à Justiça, atua na implantação das varas de Violência contra a Mulher em todo o
Brasil e é diretora de Comunicação da Associação de Magistrados do Rio de Janeiro. Preo-
cupada também com o tráfico de mulheres, é um dos expoentes brasileiros sobre o tema.
Além disso, foi produtora de teatro, trabalhando com os diretores Amir Haddad, Aderbal
Freire Filho, Luís Arthur Nunes e Rubens Correa, alguns dos mais importantes do teatro
brasileiro, atuando como roteirista e produtora. Em 15 anos como juíza da 1ª Vara de Fa-
mília de Petrópolis, e mais quatro em outras comarcas do Rio de Janeiro, Andréa assistiu,
com o olhar compassivo da grande humanista e com o discernimento de uma excelente
operadora do Direito, a toda essa imensa manifestação do que somos.
Segredo de Justiça
O livro reúne 46 crônicas inspiradas em relatos da juíza Andréa Pachá em quase 17 anos de
atuação em uma Vara de Família. Conflitos que existiram de verdade, presenciados por ela
entre as mais de 18 mil audiências. “Segredo de Justiça” (224 páginas, Editora Agir) conta
histórias curiosas e emocionantes por meio de textos saborosos, leves, de humor esperto,
sutil. Alémdisso, trazemquestionamentos e reflexões a partir de uma abordagemdelicada,
extremamente amorosa, um olhar humano e afetuoso para o drama do outro.
VARA DA FAMÍLIA
1...,2-3,4-5,6-7,8-9,10-11,12-13,14-15,16-17,18-19,20-21 24-25,26-27,28-29,30-31,32-33,34-35,36-37,38-39,40-41,42-43,...106
Powered by FlippingBook